Lucro dos gramados
Indústria e varejo brasileiros se pintam de verde e amarelo
pra faturar com os turistas estrangeiros e domésticos que vão respirar e
consumir futebol a partir de junho de 2013 até a Copa do Mundo em 2014
Por Sandra Cabral, na Revista Super Varejo.
Em 2013, o Brasil pretende
mostrar ao mundo sua capacidade de sediar megaeventos esportivos, a começar
pela Copa das Confederações, entre os dias 15 e 30 de junho deste ano.
A Fifa comemora os mais de 550
mil ingressos já vendidos para os jogos que, na edição deste ano, serão
realizados em seis estádios com ampla capacidade. São eles: o Castelão, de
Fortaleza; o Mineirão, de Belo Horizonte; a Arena Fonte Nova, de Salvador; o
Arena Pernambuco, em Recife e o Maracanã, no Rio de Janeiro.
A Copa das Confederações, que
terá 16 partidas no total entre os participantes Brasil, Espanha, México,
Uruguai, Japão, Itália, Nigéria e Taiti, é considerada um ensaio geral para a
Copa do Mundo de 2014.
Os números da Instituição
internacional provam que a Copa das Confederações da Fifa, com a participação
de quatro campeões da Copa do Mundo, é um evento muito aguardado especialmente
pelos fãs e residentes locais, que estão ansiosos por vivenciar a ação ao vivo,
em um dos seis estádios que, no ano que vem, irão comportar partidas válidas
pelo mundial de futebol.
Para Robert Alvarez, professor do
Núcleo de Estudos e Negócios do Esporte da Escola Superior de Propaganda e
Marketing, a Copa das Confederações é um evento importante, mas menos, na
comparação com o mundial de futebol.
“Ainda não vejo muita preparação!
O foco é em 2014. Porém, se é um teste para o País, é também para o varejo. É
uma oportunidade de aprender o que funciona, o que precisa ser melhorado e de
sentir a temperatura do mercado. Promoções alusivas ao evento no comércio,
aproveitando a sua unicidade e caráter lúdico, são fundamentais e, quem sabe,
um reforço no estoque de produtos verde-amarelos como ocorre na Copa em si,
pode ser uma boa”, ressalta Alvarez.
GERAÇÃO DE EMPREGO E
OPORTUNIDADES
Mais de 2 milhões de empregos
formais e informais serão criados no País até a Copa do Mundo de 2014, segundo
dados do Ministério do Turismo, e haverá a entrada de R$8,9 milhões em divisas
internacionais no período, representando expansão de 55%. Estima-se que as
viagens domésticas passem de 56 milhões, registradas em 2009, para 73 milhões
em 2014.
Segundo a diretora de
Qualificação, Certificação e Produção Associada ao Turismo, Regina Cavalcante,
a perspectiva de crescimento gira em torno de 20% em todos os setores
envolvidos, não apenas no turismo, entre este ano e o ano que vem por conta dos
megaeventos.
Ela ressalta que algumas áreas
merecem destaque, como gastronomia e hotelaria. Falar outro idioma é
praticamente um pré-requisito para quem quer aproveitar o crescimento do setor.
Por isso, as escolas voltadas ao
inglês e espanhol reforçaram atendimento aos profissionais desses segmentos e
aos empresários que querem ter uma equipe preparada para recepcionar bem e
aproveitar a moeda estrangeira em circulação no País.
“As empresas já estão contratando
mão de obra extra, com foco no aumento da produção de seus artigos, visando a
expansão nas vendas durante a Copa das Confederações. Entre os produtos na mira
dos torcedores e turistas no varejo, estão as bebidas com e sem álcool, petiscos,
salgados, pipocas, todo tipo de carne que vá para a churrasqueira e televisores
dos mais variados tamanhos”, adianta a Professora e Coordenadora de Cursos do
Programa de Varejo da FIA, Flávia Cristina Martins Mendes. Segundo ela, a
produção de cervejas, por exemplo, já está elevada desde o final de 2011 e deve
impactar de forma superpositiva as vendas das lojas varejistas, incluindo as do
setor supermercadista.
“A COPA DAS CONFEDERAÇÕES E A
COPA DO MUNDO SERÃO DUAS GRANDES VITRINES PARA MOSTRAR UM BRASIL MODERNO,
INOVADOR E INVENTIVO, E AS INÚMERAS POSSIBILIDADES DE NEGÓCIOS E INVESTIMENTOS
QUE SE PODE OFERECER”
Além dos segmentos já citados,
Rodrigo Geammal, diretor Executivo da Elos Cross Marketing, agência de
marketing e comunicação 360 graus, que tem o entretenimento e o esporte como
conteúdos estratégicos, também destaca como setores a serem impactados de forma
positiva pelo evento os de prestação de serviços de traslados terrestres
particulares e urbanos; os prestadores de serviço de comunicação; o varejo de
produtos brasileiros; as lojas que comercializam acessórios de torcida;
baladas, casas noturnas e autosserviço.
MARKETING: AMBIENTE ACIRRADO NA
COPA DAS CONFEDERAÇÕES
Os especialistas em marketing
esportivo estimam que as ações para as Copas das Confederações e do Mundo
envolvam gastos de US$ 3 bilhões a US$ 6 bilhões com publicidade, levando-se em
conta apenas os patrocinadores oficiais!
Desde o início do ano passado, a
movimentação no mercado publicitário brasileiro é impactada pelos eventos futebolísticos
que mais atraem os olhares dos torcedores e empresários do mundo.
Excluindo-se os patrocinadores
dos eventos, que já estão com a sua marca amplamente divulgada junto às
propagandas voltadas aos jogos, as demais empresas brasileiras que pensam em
“aparecer” e aproveitar a Copa das Confederações para atrair novos clientes e
faturar mais devem escolher a melhor forma de fazê-lo.
Para alcançar a melhor
estratégia, é preciso fazer pesquisa de mercado, investimento direcionado e ter
foco nos resultados. Segundo Geammal, da Elos Cross Marketing, “Para se chegar
à meta em termos de venda e lucros, é preciso que cada empreendedor desenvolva
um plano de ação”.
Diante da grandiosidade do evento
e do ingresso de turistas e executivos ávidos por negócios no País, todos os
setores da indústria, comércio e serviços querem um lugar ao sol.
E sim, é possível atrelar quase
todos os produtos e serviços à copa; contudo, para não errar, é indispensável que
o empresário tenha a exata consciência sobre a compatibilidade de sua marca com
um evento esportivo absolutamente popular.
“Um serviço ou produto de luxo,
por exemplo, tem que avaliar se sua marca pode se associar ao futebol e, caso
isso seja possível, como fará isso”, ensina a Professora e Coordenadora de
Cursos do PROVAR, Flávia Cristina Martins Mendes.
Ela acrescenta também que as
marcas de luxo, dependendo do artigo, como carros e roupas de grife, até podem
ser vinculadas ao futebol, mas é preciso que conheçam profundamente o
público-alvo e a identidade de sua marca. A essência da marca deve ser levada
em conta, de acordo com a especialista em marketing, para que não faça
associação equivocada, ganhando um consumidor pontual, mas, ao mesmo tempo,
perdendo seu cliente já fidelizado.
Muitas empresas já deram o start
de ações pegando carona na onda da Copa das Confederações. Algumas redes de
supermercados, por exemplo, utilizam nomes consagrados ligados ao futebol como
garotos-propaganda para divulgar suas ofertas e promoções.
ENTRANDO EM CAMPO PARA VENCER
Há 26 anos no mercado, portfólio
com mais de mil itens, 1300 funcionários e líder do ramo no segmento nacional,
exportando seus produtos para mais de 40 países, a Plasútil entrou no jogo com
a meta de ampliar as vendas pelo menos 5% em 2013, na comparação com o ano
anterior, por conta da Copa das Confederações.
Para tanto, desenvolveu duas
linhas com foco no clima gerado pelo evento esportivo. “O destaque é a Linha
Decora Futebol, composta por pratos, copos, caixas organizadoras,
porta-lembrancinhas e decorações para festas infantis. Temos também a Linha
Happy Hour, que apresenta porta-latas, garrafas, porta-copos, engradados de
cerveja, travessas decoradas para petiscos e porta-garrafa litrão”, conta o
Diretor Comercial da Plasútil, Edson Begnami.
Ele acrescenta que, somente para a Copa das Confederações, a empresa
desenvolveu 20 novos produtos. “A nova linha foi planejada visando ao público
do esporte mais significativo do Brasil; não será sazonal, e sim permanente. O
desenvolvimento de produtos temáticos só faz sentido para a Plasútil se os
itens puderem ser continuados, caso contrário, somente se for sob encomenda”,
adverte Begnami.
Ligada às tendências de
decoração, a nova linha da indústria apresenta decorações exclusivas e
permanentes, com tecnologia intraimagem, que não desbotam, e têm temática
direcionada aos apaixonados por futebol. A linha já está à disposição dos
supermercados que pretendem dar um destaque para a seção de bazar nesse
período.
Já no ramo da hotelaria, boa
parte dos hotéis e pousadas brasileiros, estando ou não localizados nas
cidades-sede das Copas das Confederações e do Mundo correm atrás da excelência
de seus serviços para garantir lotação esgotada de seus apartamentos. Nessa
linha, muitos ampliam seus serviços e desenvolvem produtos vislumbrando os
eventos futebolísticos.
INVESTIMENTO PONTUAL
Os investimentos em propaganda,
aumento da produção e mesmo na melhoria da prestação de serviços vão além das
grandes empresas e são almejados também pelas micro e pequenas empresas.
Nesse sentido, o Sebrae oferece
apoio aos micro e pequenos empresários interessados em usar a marca do mundial
em seus quiosques, souvenires, vestuários, chapéus, chaveiros e outros
produtos, em parceria com a Globo Marcas. “Acreditamos que essa parceria
funcionará como um importante canal, pois viabiliza a entrada dos pequenos
negócios nessa grande oportunidade econômica que é a Copa de 2014”, detalha o
presidente do Sebrae, Luiz Barretto.
Além de ampliar o acesso ao
licenciamento, o Serviço Nacional de Apoio às Pequenas e Micro Empresas ajudará
os empresários a fecharem parcerias com outros negócios para aumentar a
capacidade produtiva, incrementando as chances de se tornar uma licenciada.
Na avaliação do Sebrae, as micro
e pequenas empresas trabalham em três frentes.
A primeira refere-se aos quiosques oficiais lançados em várias cidades
do País, utilizando o sistema de franquia. Os pequenos negócios, em uma segunda
frente, devem garantir licenciamento diretamente da Globo Marcas para uma série
de produtos como souvenires, calçados, bolsas, chapéus, bonés, itens de
torcedor, vestuário, bola e itens para casa. O terceiro caminho é a
distribuição de produtos licenciados pelas redes de varejo convencionais. Para
o empresário do comércio, por exemplo, vender produtos licenciados pode ser um grande
diferencial.
O licenciamento permite que a
empresa produza e venda, inclusive por meio de seus canais tradicionais de
distribuição, produtos com selo da Fifa e a identidade visual das Copas.
O BANCO DO BRASIL DISPONIBILIZOU
UMA LINHA DE FINANCIAMENTO ESPECIAL PARA AUXILIAR OS PEQUENOS NEGÓCIOS
INTERESSADOS EM ATUAR NO MERCADO DOS EVENTOS ESPORTIVOS, E O SEBRAE ESTÁ
DISPONIBILIZANDO DIVERSAS INFORMAÇÕES SOBRE O TEMA.
Para tanto, ainda há um caminho a
ser percorrido. Para entrar no mercado dos grandes eventos esportivos de forma
competitiva e sustentável, é preciso se preparar e seguir as regras do jogo.
Os candidatos a licenciarem
marcas precisam atender a determinados requisitos, como conciliar qualidade e
preço justo, fabricar produtos seguros, apresentar capacidade de distribuição e
ter flexibilidade na entrega.
Por isso, os empreendedores que
ainda não procuraram informações sobre o tema, com foco na Copa das
Confederações, podem começar a se mexer pensando no mundial de futebol, no ano
que vem.
Para auxiliar os pequenos
negócios interessados em atuar no mercado dos eventos esportivos, o Sebrae está
disponibilizando diversas informações sobre o tema no site
www.sebrae2014.com.br.
O Banco do Brasil também
disponibilizou uma extensão do Fundo de Amparo ao Trabalhador para o Turismo, o
FAT Turismo.
Trata-se de uma linha de
financiamento especial para as micro, pequenas e médias empresas que desejam
investir em projetos ligados à Copa do Mundo. Ao todo, serão R$ 650 milhões
para investimento e capital de giro.
Tanto empenho não pode ficar
dentro dos muros do nosso país. Desta forma, a Apex-Brasil já deu o pontapé inicial
na promoção do Brasil para empresas estrangeiras nos jogos das Copas das
Confederações e do Mundo.
No final do ano passado, acordo
assinado entre a Apex-Brasil e a Fifa, com abrangência dentro do território
nacional, permite encontros de relacionamento entre empresários brasileiros e
estrangeiros nos jogos das competições, no Brasil.
A iniciativa com a Fifa tem o
objetivo de aproximar empresários brasileiros e potenciais compradores
estrangeiros, estreitando o relacionamento e propiciando a realização de
negócios imediatos e a curto e médio prazos. Também serão promovidas ações para
atrair investimentos estrangeiros diretos ao País.
“A Copa das Confederações e a
Copa do Mundo serão duas grandes vitrines para mostrarmos um Brasil moderno,
inovador e inventivo, e as inúmeras possibilidades de negócios e investimentos
que podemos oferecer”, afirma o ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
Entre as empresas em parceria com
a Apex para a Copa das Confederações está a Arcolor, como parte de exportação
do projeto Padaria Brasileira.
A empresa, nascida em 1982, é
líder na fabricação de pasta americana e uma das mais importantes indústrias no
mercado brasileiro de misturas para panificação, produtos para acabamento de
confeitaria, corantes e aromas alimentícios, com mais de 250 itens em linha.
A parceria faz parte do projeto
Brazilian Bakery, que une organizações como a Associação Brasileira das
Indústrias de Equipamentos, Ingredientes e Acessórios para Alimentos (Abiepan),
da qual a Arcolor faz parte, e a Associação Brasileira da Indústria da
Panificação (Abip).
O projeto foi criado para
estimular as exportações da cadeia de valor da panificação brasileira e se
apoia em ações diversificadas para promover a valorização dos produtos e
serviços brasileiros, bem como a aproximação de empresas brasileiras desse setor
com clientes estrangeiros.
“Por meio desse projeto, foram
investidos cerca de R$ 2 milhões no último biênio. Entre 2013 e 2015, serão R$
5,9 milhões em ações de promoção para aumentar as exportações de equipamentos,
acessórios, ingredientes, aditivos e insumos para panificação, confeitaria,
gastronomia e também de cozinhas profissionais”, explica o diretor da Arcolor,
Alexandre Gomes.
O projeto mostra, com
participação em feiras no exterior, que o modelo nacional de padaria é único no
mundo e está pronto para ser exportado: o espaço une desde produção e venda de
pães até food service, passando por varejo de conveniência e central de
produção de alimentos, e está pronto para ser exportado.
Outra ação de aproximação visa
atrair os empresários brasileiros ao Brasil. A ideia é convidar clientes
internacionais para assistirem aos jogos e apresentar a eles produtos
brasileiros como a mistura para pão de queijo, as instalações da empresa e para
promover a exportação da marca Brasil.
Segundo o diretor da Arcolor, os
convidados para a Copa das Confederações terão ampla agenda de negócios durante
sua estadia no País. Essa agenda inclui desde visita à empresa até participação
em outros eventos do setor que já estejam ocorrendo concomitantemente, dependendo
da conveniência dos visitantes.
“Os clientes assistirão aos jogos
no camarote da Apex, cujo acordo com a Fifa prevê ações em todos os jogos, que
serão realizados em Brasília, Rio de Janeiro, Fortaleza, Recife, Salvador e
Belo Horizonte”, esclarece Alexandre Gomes.
A estimativa é que a ação eleve
em 15% a participação da Arcolor nos mercados externos de interesse.
Embora todos, governo, Fifa,
empresas e varejistas apostem que o Brasil irá faturar alto com os eventos
esportivos planejados para ocorrer entre este ano e 2016, os especialistas em
marketing esportivo e mesmo os economistas ainda não conseguem estimar o que de
fato isso irá significar para a macroeconomia do País.
O professor do Núcleo de Estudos
e Negócios do Esporte da Escola Superior de Propaganda e Marketing, Robert
Alvarez, aponta que os países que até hoje receberam a Copa do Mundo, por
exemplo, não tiveram grande reflexo no PIB, ou ainda o evento contribuiu muito
pouco em comparação a outros fatores estruturais. O especialista asseguram
portanto, que como o mundo passa por uma crise econômica, não há como precisar
se teremos elevação considerada no PIB, ao final deste ano e do ano que vem,
por conta dos eventos, muito menos qual será a porcentagem desse impacto.
Porém fica para o supermercadista
um cenário onde ele poderá estrategicamente decidir se investirá, por exemplo,
em decoração e produtos ou se firmará parceria com seus fornecedores. Segundo
os especialistas em varejo, o supermercado deve tomar essas decisões levando em
conta o local onde a loja está inserida, o público que frequenta a loja e
também o espaço da área de venda.
Fontes:
Apex Brasil: (61) 3426-0202
Arcolor: (11)2191-2444
Elos Cross Marketing:
(11)3432-2028
ESPM: (11)5085-4560
Plasútil: 0800 904040
PROVAR – FIA: (11)3894-5009
Sebrae: 0800 5700800